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Card com fundo mesclado de várias cores e com notas musicais cor branca.
Na parte superior tem o título: MÚSICA.
No centro tem imagens com silhueta de pessoas tocando instrumentos musicais e uma pessoa cantando.
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MÚSICA
A música expressa aquilo que não pode ser colocado em palavras.
Victor Hugo
Há séculos a música tem sido usada como ferramenta de saúde para relaxar ou para aliviar a dor. Como exemplo, na Bíblia, citada em I Samuel, Davi toca a lira para fazer o rei Saul se sentir aliviado e melhor.
Desde então, ela tem sido composta e executada com vários propósitos como atividades sociais, rituais, religiosas, celebrações, atividades culturais e como forma de relaxamento.
Geralmente conceituada como uma arte, a música é muito complexa e difícil de ser definida: ela pode ser expressa como uma combinação de som, forma, harmonia, melodia, ritmo ou outro conteúdo expressivo. Além disso, pode ser executada ou improvisada usando uma vasta gama de instrumentos, incluindo a voz humana. E isto varia consideravelmente em todo o mundo, embora seja um aspecto importante de todas as sociedades.
Percebemos então, que a música desempenha um papel poderoso em todos os âmbitos de nossas vidas: quantas vezes você estava cuidando de seus afazeres diários e, de repente, ouviu uma canção que o levou de volta a um momento significativo de sua vida? Talvez a melodia deixe a pessoa se sentir mais calma, feliz, ou convenhamos, completamente triste. Mas é certeza de que todos nós podemos atestar o poder da música.
Neste artigo, você saberá mais sobre essa arte, as diferentes abordagens e o que ela pode ajudar para pessoas com deficiência.
CONCEITO DE MUSICOTERAPIA
Tudo começou quando grupos musicais itinerantes tocavam para soldados hospitalizados com traumas emocionais e físicos durante e após as duas Guerras Mundiais. Os médicos e clínicos começaram a perceber os efeitos poderosos que a música tem no processo de cura e solicitaram que esses profissionais fossem contratados pelos hospitais. Isso criou a necessidade de treinamento especializado na aplicação adequada dessa arte como método terapêutico.
A musicoterapia, portanto, é um tipo de terapia artística expressiva que usa a música para melhorar e manter o bem-estar físico, psicológico e social das pessoas. Isso envolve uma ampla gama de atividades, como ouvir som, cantar, dançar e tocar um instrumento.
Este tipo de terapia é facilitado por um terapeuta treinado e é frequentemente usado em hospitais, centros de reabilitação, escolas, estabelecimentos prisionais, lares de idosos entre outros.
Dependendo das necessidades de uma pessoa ou grupo, um musicoterapeuta determinará qual tipo de abordagem será mais eficaz.
Existem dois tipos de intervenções na musicoterapia:
Ativo: incluem envolver o cliente no canto, na composição musical, na execução de instrumentos musicais e dançar.
Passivo: tipo de intervenção em que não há envolvimento musical ou participação do cliente: ele apenas ouve a música relaxante ao vivo ou gravada.
Em alguns casos os terapeutas podem usar uma abordagem combinada que envolve interações ativas e passivas com a música.
BENEFÍCIOS
Os benefícios das diferentes expressões artísticas, como a música, ajudam muito não somente como lazer, mas em alguns casos, também como ferramenta de trabalho.
Especialistas dizem que ela pode ser benéfica e altamente personalizada, tornando-a adequada para pessoas de qualquer idade - até crianças muito pequenas podem se beneficiar. Ela também é versátil para pessoas com vários níveis de experiência musical, ou não, e com diferentes desafios de saúde mental ou física.
A música também pode ser útil para depressivos, para os que sofrem de ansiedade, pois ajuda a capacitar os indivíduos, oferecendo-lhes escolhas, aumentando a motivação e incentivando a atividade física e a coordenação. As crianças por exemplo, podem aprender letras, números e muito mais se introduzir atividades com sons no seu dia a dia.
Então, percebemos que o simples ato de ouvir uma canção pode trazer vários benefícios à saúde. Estudos revelaram o grande impacto de ouvir música cuidadosamente selecionada em pessoas com problemas de memória e que, com esta experiência, desencadearam memórias de eventos passados que, de outra forma, não conseguiriam acessar.
Porém, aqui ressaltamos que esta atividade de ouvir melodia é uma terapia alternativa. Caso precise de um acompanhamento, será preciso consultar um musicoterapeuta, profissional especializado. Geralmente a música não é usada sozinha para tratar doenças. Quando combinado com medicamentos, psicoterapia e outras intervenções, a musicoterapia pode ser um componente valioso de um plano de tratamento.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS
A música para pessoas com deficiência, não é apenas vantajosa psicologicamente, mas também fisicamente.
Tocar instrumento musical, por exemplo, pode ser usado para motivar movimentos ou exercícios estruturais do corpo e estimular o lado sensorial. O envolvimento com os sons, é capaz de fornecer uma distração do desconforto da dor e da ansiedade frequentemente associada a algumas deficiências físicas.
Essa arte de ouvir canção, portanto, oferece oportunidades para as pessoas participarem, se envolverem, aprenderem, celebrarem e interagirem e por isto tem muitos efeitos benéficos.
DEFICIÊNCIA VISUAL
A visão é um sentido importante que permite ao ser humano adquirir informações sobre os objetos e o que cerca no ambiente.
Algumas pessoas com deficiência visual usam ativamente outros sentidos, especialmente o auditivo, para compensar sua falta de visão; isso permite que elas aproveitem suas vidas da mesma forma que aquelas com visão normal. De fato, foi referido que um número considerável de deficientes visuais, seja ela parcial ou total, utilizam a música não só para diversão pessoal, mas também como um meio eficaz de empatia com os outros. Para alguns deles, aprender a tocar um instrumento, cantar ou simplesmente poder ir a um concerto, pode acrescentar imensamente às suas vidas. Para outros, muitos dos quais têm graves dificuldades de aprendizagem, a música pode oferecer uma ótima alternativa, ajudando-os a alcançar uma sensação de autonomia e um mundo mais inclusivo.
DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Embora os surdos sejam capazes de se conectar com a música, eles apreciarão, por seu significado e ritmo, de maneiras diferentes dos indivíduos que ouvem. E isto depende muito do seu grau de perda auditiva, e, portanto, pode afetar o seu gosto por música: enquanto uns aproveitam o ritmo dos sons, outros podem não gostar.
Como exemplo, surdos que usam aparelhos auditivos ou implantes cocleares se beneficiam para ouvir sons de fala, mas para tons musicais é diferente. O ideal é conversar com o fonoaudiólogo para ajustar as próteses e usufruir melhor esses sons, garantindo que seja seguro e confortável.
Já para surdos sinalizados, por exemplo, eles experimentam a música através de pistas visuais, interpretando com língua de sinais e com feedback vibrotátil, que seria ouvir a canção por meio de vibrações no corpo ou através de instrumentos percussivos. Mas, cada surdo experimenta individualmente o ritmo, pois existem diferentes graus de habilidade para perceber o som. Portanto, incorporar uma variedade de elementos à música pode proporcionar uma experiência mais intensa para essas pessoas.
SURDOCEGUEIRA
A música pode atender a falta de percepções para crianças e adultos surdocegos, pois fornece estimulação multissensorial concreta (auditiva, visual e tátil), para isto, requer uma abordagem particular, sendo necessárias modificações e adaptações ainda maiores.
Como sabemos, em pessoas com surdocegueira é possível apresentar algum resíduo auditivo e/ou visual que ajuda no processamento sensorial. Usar um instrumento musical, por exemplo, pode acionar certos sentidos, emoções, como também trabalhar na amplitude de movimento físico e ganhar experiências com as vibrações sonoras. Geralmente esses instrumentos são adaptados para atender às capacidades físicas específicas de cada um e o uso de equipamentos musicais eletrônicos e auxiliados por computador também permitem que pessoas com surdocegueira alcancem seu potencial criativo máximo.
Portanto, praticar música com outras pessoas pode oferecer uma experiência agradável de interação profunda e significativa para indivíduos com dificuldades de comunicação verbal, construindo sua confiança e redes sociais e, assim, reduzindo o isolamento.
Leia mais sobre música e pessoas notáveis com Síndrome de Usher:
CURIOSIDADES RELACIONADOS À MÚSICA
Shows com interpretação de língua de sinais
Há pouco tempo, locais de música ao vivo faziam muito pouco para tornar seus shows acessíveis às pessoas surdas. Mas, gradativamente, a língua de sinais começou a ser introduzida em shows nos Estados Unidos e depois disto, houve grande aumento de participantes surdos em eventos musicais.
Com essa inclusão, houve muitas formas de apresentar: geralmente em shows, intérpretes de língua de sinais traduzem mais do que letras. Eles comunicam a musicalidade também com seus corpos e expressões faciais, o que garante sua presença marcante nestes eventos.
Embora ainda haja muito trabalho a ser feito para torna-los acessíveis para pessoas com perda auditiva, o número de clientes surdos que compram ingressos para esses shows, continuam aumentando.
Coletes sensitivos
Surdos, cegos e/ou surdocegos agora podem desfrutar de música ao vivo, graças a um inovador vestuário que visa permitir que pessoas com deficiência tenham acesso a eventos culturais nos mesmos termos que todos os outros. O colete sensitivo pode ser usado na frente ou nas costas e converte sons em vibrações que tocam na pele do usuário, contando com a capacidade do cérebro de extrair informações de uma infinidade de sinais sensoriais, independentemente da origem. Existem diversos componentes no colete que respondem a diferentes tipos de música para que o usuário possa sentir a batida e a experiência tátil.
Os coletes sensitivos não servem apenas para pessoas com deficiência sensorial: o fato de funcionarem até um quilômetro de distância, permite que os indivíduos que não gostam de multidões também possam usá-los, assim como certas pessoas no espectro autista e com Síndrome de Down, dependendo de suas necessidades.
Um grande exemplo de experiência com um público inclusivo, foi da banda britânica Coldplay que apesar de contar com intérpretes de língua de sinais para pessoas com deficiência auditiva em seus shows, emprestou coletes aos usuários surdos, mesmo sendo necessário um seguro pago pelos organizadores do evento.
A mesma tecnologia também foi testada em um ensaio da Orquestra Sinfônica Brasileira, no Rio de Janeiro.
Confira mais neste vídeo!
DICAS PARA PRATICAR MÚSICA
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Na região onde você mora, procure oficinas e escolas de música. Elas podem ser pagas ou gratuitas, ter atendimento individualizado ou em grupos, apenas se informe sobre a existência de um programa de estudo para pessoas com deficiência;
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Se for praticar em casa, encontre um lugar tranquilo: seja uma determinada sala ou apenas um canto da sala de estar, ajudará a prepará-lo mentalmente para este tipo muito particular de trabalho;
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A tecnologia pode ser uma ajuda incrível: existem plataformas gratuitas que fornecem dicas valiosas em música. Confira no YouTube, Tik Tok e outros;
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Experimente usar diferentes instrumentos musicais para desenvolver habilidades motoras e sensoriais;
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Tente criar músicas e escrever as letras: continue escrevendo e a música perfeita virá;
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Encontre outras pessoas interessadas para tocar ou cantar: informe-se, procure saber por meio de amigos, de oficinas de música, nas redes sociais;
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Tenha mentor que o motive: ele pode ensinar, ajudar a ser mais criativo e a tornar-se bom músico. Descubra se existem organizações de apoio ou tutores em sua área local;
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Pratique, pratique, pratique: não precisa ser todos os dias, mas certifique-se de fazê-lo regularmente;
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Aproveite e não se preocupe em cometer erros: todo mundo comete erros às vezes, mas não se preocupe com isso, seja paciente e divirta-se!
Revisão: Telma Nunes de Luna
Fontes
ABC News
Frontiers
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