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DIVERSIDADE NA SURDEZ
A intenção desta publicação é apenas informar, esclarecer e divulgar sobre a diversidade na surdez.
Geralmente há confusão sobre os conceitos "pessoa com deficiência auditiva", "deficiente auditivo", "surdo", “Surdo (com S maiúsculo)”, etc., tanto na definição, quanto no uso do termo. O debate sobre como se referir a pessoa com perda auditiva é bem complexo.
Na verdade, a comunidade surda é composta por diversas pessoas com vários níveis de perda auditiva, que vem de diferentes origens e culturas, e cada pessoa se identifica com seu próprio termo preferido.
Entretanto, vamos ressaltar aqui a terminologia usada no Brasil e no mundo quando se trata em fatores legais e clínicos. Segundo a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) 13.146/2015, desenvolvida com base na Convenção da ONU sobre os Direitos das pessoas com Deficiência, a surdez ou deficiência auditiva é a diminuição parcial ou total da audição e que pode ocorrer em apenas um ouvido ou nos dois. A dificuldade se manifesta com diferentes graus, desde perdas auditivas mais leves até a surdez profunda, total, e ela pode ser oralizada (que se comunica pela fala) ou sinalizada (que se comunica por Língua de Sinais).
Mas aqui no Brasil, como como forma de lei, devemos estar atentos quando se é considerado “deficiente auditivo”. Segundo o Decreto Federal 5.296/2004, a deficiência auditiva é a perda auditiva, bilateral (nos dois ouvidos) abaixo de 41 decibels (dB). Isto inclui a perda auditiva neurossensorial (como na maioria dos caso de pessoas com síndrome de Usher), mas tem que estar dentro dos parâmetros de perda abaixo de 41dB.
Porém sob perspectiva clínica não existe nada que indique diferença nessas terminologias. É tudo uma questão de escolha da pessoa com essa condição.
Não importa com quem você esteja interagindo, mas lembre-se que pessoas com perda auditiva fazem parte da comunidade de surdos que podem ter certas diferenças culturais e de comunicação. Na dúvida, pergunte à pessoa como ela se identifica.
Vamos aos conceitos que são importantes:
DIFERENÇA ENTRE SURDO E MUDO
Surdo
É aquela pessoa que possui uma inabilidade total ou parcial de ouvir.
Mudo
É aquele que não faz uso de seu aparelho fonador para a fala ou qualquer outra manifestação vocal.
Existem pessoas surdas, mudas e aquelas que por não ouvirem, apresentam sérias dificuldades de fala, sendo estes últimos chamados incorretamente de surdo-mudo.
Por isto essa expressão "surdo-mudo" não deve ser usada.
Não sinta receio em explicar para as pessoas que os surdos não são mudos!
TIPOS DE SURDOS
SURDO SINALIZADO
Pessoas com perda auditiva e que não desenvolveram a fala, geralmente usam a linguagem gestual, a língua de sinais oficial de seu país, e no caso, aqui no Brasil é Libras, reconhecida como a segunda língua oficial do Brasil. Mesmo utilizando as sinalizações e independentemente do grau de perda auditiva, ele pode ou não fazer uso de aparelho auditivo.
SURDO ORALIZADO
São pessoas com perda auditiva, seja parcial ou total, mas que desenvolveu sua técnica vocal e esse é o diferencial: o surdo oralizado FALA. Eles podem usar ou não aparelho auditivo/implante coclear, e também fazer leitura labial para se comunicar. Muitas vezes são confundidos com pessoas ouvintes devido a boa comunicação. Em alguns casos é possível perceber na fala que se trata de surdo oralizado, pois há “sotaque”. Entretanto é importante frisar que nem todo surdo oralizado sabe a língua de sinais.
SURDO BILINGUE
São surdos que dominam a língua oral (no caso de Brasil, o português) e a língua de sinais. Os bilíngues seriam então, usuários de duas línguas, utilizando-se de uma ou de outra para comunicar-se, em função do seu interlocutor (se um surdo oralizado ou um ouvinte, ou se um uma pessoa que se comunica por língua de sinais).
Saiba quais são as dicas de como conversar com pessoas com perda auditiva
Para uma pessoa com deficiência auditiva, tão importante quanto resolver ou amenizar a sua surdez, é a sua inclusão na sociedade, é poder comunicar-se com outras pessoas não-surdas.
Existem cuidados para facilitar a conversação de quem tem dificuldades em ouvir ou compreender o que foi dito, usando ou não aparelhos auditivos/implante coclear, seja o surdo sinalizado ou oralizado. Portanto, você pode ajudar, e muito, com essas atitudes:
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Se é primeira vez que conversam, normalmente, a pessoa faz sinal que é surdo colocando a mão no ouvido e na boca;
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Fique de frente. As pessoas que têm problemas de audição aprendem a ler os lábios e as expressões faciais de quem está falando. Portanto, seja expressivo! Pessoas com deficiência auditiva não saberão as nuances de ironia ou seriedade em sua voz, mas entenderão suas expressões faciais, movimentos de seu corpo ou gestos;
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Fale em tom normal com que está usando aparelhos auditivos, evitando elevar a voz, pois isso só irá piorar a compreensão do que está sendo dito. Se a pessoa não está usando prótese auditiva fale um pouco mais alto, mas sem precisar gritar;
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Fale devagar, a boa dicção é fundamental. O importante para a pessoa com deficiência auditiva é acompanhar a conversação;
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Fale claro, não coloque as mãos diante dos lábios;
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Caso você note que a pessoa esteja insegura sobre o que foi dito, fale novamente usando palavras similares, ao invés de repetir palavra por palavra;
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Em qualquer curso, conferência ou situações semelhantes, trate de que o surdo fique bem situado. Na sala de aula a criança ou jovem surdo, ou com problemas de audição, deve ficar sempre na primeira fileira;
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Normalmente um surdo com perdas profundas tem um reduzido conhecimento do vocabulário da Língua Oral, dificuldades na construção das frases e no real significado das palavras. Neste caso, construa frases curtas e simples. Se não for entendido repita. Se necessário utilize outra(s) palavra(s) com o mesmo sentido;
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Mesmo que um surdo estiver acompanhado de um intérprete, fale olhando para ele, nunca para o intérprete.
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Não fale ao ouvido. Por mais que seja óbvio dizer isso, falar próximo ao ouvido de um surdo não funciona. Até mesmo para surdo com perda auditiva parcial, o sussurro, o cochicho não ajuda. Muitas pessoas não tem o conhecimento da tecnologia dos aparelhos, mas na maioria das próteses, o microfone fica atrás e não no meio da orelha, portanto quando quiser falar para que ninguém mais ouça além dele, basta ficar de frente para o surdo e usar os lábios sem soltar a voz;
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Muitos surdos não conseguem usar o telefone, por isto evite. E mesmo os que conseguem, têm alguma dificuldade. Na dúvida, use torpedo, SMS e bate-papos de internet;
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Evite falar enquanto come. Além de prejudicar a articulação da fala, é desagradável;
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Por fim procure integrar o deficiente auditivo na conversação, ele frequentemente tende a isolar-se, com receio de não entender as palavras.
Fontes
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